Indústria automotiva deve adotar postura estratégica e analítica para superar seus obstáculos – Por Claudio Moyses

A indústria automotiva brasileira está passando por grandes mudanças, impulsionadas pela globalização, avanços tecnológicos, busca por sustentabilidade e novas demandas dos consumidores. No 10º Fórum IQA da Qualidade Automotiva, realizado no último dia 10 de outubro, ficou claro como a qualidade se tornou um fator estratégico importante nesse cenário desafiador e repleto de oportunidades.

Hoje, o setor automotivo no Brasil enfrenta desafios complexos, como a falta de semicondutores e a forte concorrência de montadoras estrangeiras, especialmente as chinesas. Um cenário lembra o labirinto descrito por Umberto Eco em “O Nome da Rosa”, onde Guilherme de Baskerville destaca a importância de não se perder ao acaso, mas de usar a razão para entender a lógica por trás do labirinto.

Da mesma forma, a indústria automotiva deve adotar uma postura estratégica e analítica para superar seus obstáculos. Não basta apenas reagir aos problemas; é crucial compreendê-los, antecipá-los e desenvolver soluções inovadoras, sempre guiadas pela qualidade e sustentabilidade.

Isso porque a qualidade assume um papel de destaque, não apenas como uma exigência técnica, mas como um investimento estratégico que gera eficiência, reduz custos e aprimora a experiência do cliente. Ela funciona como uma alavanca, que aumenta a competitividade, permitindo que as empresas nacionais respondam melhor às demandas globais. Isso se torna ainda mais crucial em um cenário onde as cadeias de suprimentos precisam ser mais resilientes e as expectativas dos consumidores estão cada vez mais sofisticadas.

O IQA – Instituto da Qualidade Automotiva, por meio de suas iniciativas, é o motor que impulsiona toda a cadeia automotiva a fortalecer seus serviços e produtos. Não se trata apenas de cumprir os requisitos legais de qualidade, mas de transformar essas empresas em organizações mais competitivas, modernas, inovadoras e sustentáveis.

Com o iQMX, uma área dedicada à digitalização e modernização tecnológica, o IQA demonstra que a qualidade não se limita à produção tradicional, mas está profundamente conectado à inovação. No contexto da descarbonização, o programa IQA DS – Desenvolvimento Sustentável para Mobilidade oferece um caminho claro para essa transição, auxiliando as empresas a se adaptarem às exigências socioambientais do futuro.

Além das inovações tecnológicas e das políticas de sustentabilidade, a qualidade está diretamente ligada ao desenvolvimento humano. A capacitação e qualificação profissional são fundamentais para preparar a mão de obra do setor automotivo, permitindo que este acompanhe as rápidas transformações do mercado. Investir em qualificação e criar uma cultura organizacional voltada para a excelência, inovação e adaptação constante são passos essenciais.

A localização das cadeias de suprimentos também se mostra um ponto chave. Fortalecer fornecedores nacionais, garantindo padrões de qualidade globais, pode reduzir a dependência de insumos importados, impulsionar a inovação local e contribuir para o crescimento econômico regional. Esse movimento não só aumenta a competitividade interna, mas também cria uma base mais robusta para competir no mercado internacional.

Por fim, a qualidade é, sem dúvida, a chave para desatar os nós do complexo labirinto enfrentado pela indústria automotiva nacional. Assim como no romance de Umberto Eco, em que a lógica e a razão são essenciais para escapar de um labirinto engenhosamente concebido, o setor automotivo precisa de estratégia e inovação para superar os desafios do mercado global.

A qualidade, como destacado no 10º Fórum IQA, quando combinada com iniciativas de inovação e sustentabilidade, transcende o aspecto técnico e se transforma em uma poderosa ferramenta de transformação, capaz de converter obstáculos em oportunidades concretas.

 

*Claudio Moyses é diretor-presidente do IQA – Instituto da Qualidade Automotiva

 

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