11º Fórum IQA destaca desafios globais, digitalização e qualificação técnica como pilares da qualidade automotiva

29 10 2025

Realizado no dia 9 de outubro, a 11ª edição do Fórum IQA da Qualidade Automotiva, realizada pelo IQA – Instituto da Qualidade, teve com o tema a “Coexistência Tecnológica e o Impacto dos Fatores Globais na Qualidade Automotiva: Navegando em Tempos de Mudança”. O evento reuniu especialistas, executivos e representantes de entidades setoriais para debater os impactos da tecnologia, da geopolítica e da transformação digital sobre a qualidade e a competitividade do setor automotivo brasileiro.

Na abertura, o presidente do IQA, Cláudio Moyses, destacou os desafios e as transformações que o setor vem enfrentando. Em mensagem transmitida por vídeo, afirmou: “Conectar tecnologia, dados e experiência é fortalecer a qualidade. Diante da rápida transformação tecnológica, da demanda crescente por sustentabilidade e das pressões globais, o caminho da qualidade deve ser ao mesmo tempo técnico, estratégico e humano. Deve conjugar inovação com segurança, adaptação com consistência e eficiência com ética.”

Moyses enfatizou ainda que o setor automotivo brasileiro tem demonstrado resiliência e capacidade de inovação, e que a qualidade deve continuar sendo o eixo estratégico dessa evolução, guiando o país rumo a um futuro mais competitivo, seguro e sustentável.

Convergência Global e Desafios em Tempos de Mudança

A palestra “Qualidade Automotiva e Inovação Tecnológica: Convergência Global e Desafios em Tempos de Mudança”, ministrada pela professora Natália Fingermann, da ESPM, abordou a instabilidade geopolítica global e seus reflexos no setor automotivo, especialmente no contexto da eletrificação dos veículos.

A especialista destacou o aumento da fragmentação política mundial, o enfraquecimento do multilateralismo e o surgimento de novas disputas energéticas envolvendo não apenas petróleo e gás, mas também minérios estratégicos como cobalto e coltan, essenciais para a transição elétrica. Natália também ressaltou o domínio da China na produção de veículos elétricos, resultado da verticalização da cadeia produtiva e do forte investimento em qualificação técnica.

Enquanto o Ocidente enfrenta escassez de profissionais e limitações no processamento de recursos como o lítio, a China concentra cerca de 90% da capacidade global de refino de terras raras, consolidando sua liderança tecnológica. No contexto brasileiro, a palestrante alertou para o déficit de engenheiros especializados em áreas estratégicas, mas também destacou vantagens competitivas como a abundância mineral, a energia limpa e o potencial do biodiesel.

“A mão de obra, infelizmente, não é um processo rápido de investimento, apesar de toda a inteligência artificial e de toda a tecnologia. A gente sempre fala sobre a mão de obra, fala que vamos oferecer agora um curso online, mas, infelizmente, se a gente quer investir em mão de obra de qualidade, é preciso ir além de cursos online. São necessários investimentos com aulas presenciais, recursos financeiros e incentivo à pesquisa e tecnologia”, destacou Natália.

 

Competitividade, Inovação e Desafios no Cenário Global e Brasileiro

O painel “Qualidade Automotiva em Foco: Competitividade, Inovação e Desafios no Cenário Global e Brasileiro” reuniu Fernando Petrolino, general manager da ElringKlinger; Flávio Mateus, diretor de Qualidade Global da Unidade de Negócios de Conversor de Torque do Grupo Schaeffler; Joel dos Anjos, diretor de Qualidade da América do Sul da AGCO e Maiara Castro, vice-presidente de Qualidade da América do Sul da Stellantis, sob a mediação de Gabor Deak, diretor de tecnologia do Sindipeças, para debater sobre o uso de inteligência artificial, o avanço da agricultura tecnológica e a importância da formação técnica para atender à demanda crescente da indústria.

A painelista, Maiara Castro destacou que a qualidade é o elo central entre tecnologia, sustentabilidade e capital humano, e explicou como a Stellantis integra dados e sistemas inteligentes para personalizar experiências e aprimorar processos em tempo real “A qualidade não é um departamento, a qualidade não se constrói sozinha, a qualidade é formada por uma cultura, que hoje precisa ser impulsionada pela inovação e pela competitividade. Então, a qualidade, dentro da Stellantis, está no nosso pilar, é a nossa prioridade, está em evolução, e é nisso que estamos trabalhando fortemente neste momento”.

Joel dos Anjos, por sua vez, apresentou sua estratégia de aliar inovação tecnológica às necessidades do agronegócio, priorizando eficiência e durabilidade. Outro ponto de destaque foi a criação da Escola de Qualidade e Manufatura, da ElringKlinger em parceria com o IQA, que acelera a formação de novos profissionais e inspira iniciativas semelhantes em outras empresas do setor.

 

Adaptando-se aos Novos Comportamentos e Necessidades no Setor Automotivo

Na palestra “A Transformação da Experiência do Cliente: Adaptando-se aos Novos Comportamentos e Necessidades no Setor Automotivo”, do sócio-líder de Automotivo da KPMG, Ricardo Roa, apresentou as mudanças de comportamento do consumidor diante da digitalização.

Segundo ele, o cliente atual valoriza tecnologia, conectividade e sustentabilidade, exigindo uma profunda modernização nas estratégias de negócios das montadoras. “Quando a gente fala de novos comportamentos, 92% dos consumidores atuais buscam um veículo com maior experiência de mobilidade. Com veículos mais tecnológicos e conectados. Nos últimos 2, 3 anos, está sendo, um dos maiores momentos de disrupção do setor automotivo.  Então, você ouviu falando de digitalização, eficiência, eletrificação e necessidade de novas mão de obra para atender todo esse cenário, é um pouco do que a gente vê. E essa transformação é o que a gente vai vendo e de como a gente consegue se adaptar”.

Roa destacou que o cliente deve ser o centro das decisões estratégicas e que o setor vive uma de suas maiores transformações nas últimas décadas, impulsionado pela digitalização, eficiência e eletrificação. Ele apresentou os seis fundamentos que sustentam essa transformação: integridade, personalização, expectativas, processos ágeis e simples, resolução e empatia, fatores essenciais para manter a competitividade e a lealdade do consumidor.

 

Como Fatores Globais Redefinem as Concessionárias

O painel “A Digitalização no Setor Automotivo: Como Fatores Globais Redefinem as Concessionárias” contou com Ricardo Martins, chief administrative officer & vice-presidente para Hyundai Motor Américas Central e do Sul e para Hyundai Motor Brasil e Thiago Sanchez, diretor do Grupo Caminho Veículos, sob a mediação de José Lewton Monteiro Junior, vice-presidente dos segmentos de Autos e Comerciais Leves da Fenabrave.

Os participantes mostraram como a digitalização tem transformado as operações, integrando tecnologia, dados e experiência do cliente em um ecossistema conectado.

Foram apresentados exemplos como o Workshop Automation (WA), que automatiza todo o processo de pós-venda, otimizando o atendimento e o reparo. Os palestrantes reforçaram que, mesmo diante da automação, o atendimento humano continua sendo o diferencial competitivo: “Gente lidando com gente” permanece como elo essencial entre tecnologia e satisfação do cliente.

“Nesse processo que nós temos dentro da Hyundai, o principal ponto é que todo o processo do WA e toda a inovação necessária são otimizados constantemente. Não existe aquele upgrade uma vez por ano para atualizar o sistema. Nós constantemente enviamos para a rede de concessionárias todos os upgrades — sejam softwares, que são muito mais rápidos, sejam equipamentos necessários — para que consigamos trazer velocidade, capacidade de acúmulo de informação e, sobretudo, maior agilidade na análise e retorno, não só para os técnicos da concessionária, mas também para os nossos clientes”, completou Ricardo Martins sobre o modo de atuação da Hyundai.

 

Qualificação de Mão de Obra em um Cenário de Mudanças

O painel “Desafios e Oportunidades no Aftermarket Automotivo: Qualificação de Mão de Obra em um Cenário de Mudanças” foi um dos pontos altos do Fórum, reunindo Alcides Acerbi Neto, presidente do Sicap; Antonio Fiola, presidente do Sindirepa SP;  Claudio Sahad, presidente do Sindipeças; Heber Carlos de Carvalho presidente do Sincopeças SP e Rodrigo Carneiro presidente da Andap, com mediação de José Arnaldo Laguna, presidente do Conarem.

Os participantes apontaram a escassez de profissionais qualificados como um dos maiores desafios do setor de reposição de autopeças. Questões como o envelhecimento populacional, a redução do interesse dos jovens por carreiras técnicas e o crescimento do trabalho informal têm comprometido a atração de novos talentos.

Cláudio Sahad, ressaltou a importância de acompanhar as grandes mudanças e investir em qualificação: “Quando a gente fala do setor automotivo, nós estamos passando por um momento de grandes transformações, como nunca passamos na história, e precisamos nos adaptar. Se não nos adaptarmos qualificando o nosso pessoal, vamos ficar para trás, obsoletos. Então, temos que olhar para isso com muita atenção”.

O painel reforçou que a falta de técnicos especializados ameaça a eficiência das oficinas e a posição do Brasil nas cadeias globais. Foram ressaltadas a importância de instituições como SENAI, SENAC e o próprio IQA, bem como a necessidade de novos incentivos para capacitação e engajamento de jovens profissionais.

 

Impulsionando a Qualidade Automotiva com a Estratégia Nacional de Infraestrutura da Qualidade (ENIQ)

Encerrando o evento, Leonardo Machado Rocha, assistente da Diretoria de Avaliação da Conformidade do Inmetro, apresentou o tema “Regulamentação e Inovação: Impulsionando a Qualidade Automotiva com a Estratégia Nacional de Infraestrutura da Qualidade (ENIQ)”.

Ele destacou que a Infraestrutura da Qualidade é pilar estratégico do desenvolvimento nacional, sustentada em seis bases: Metrologia, Normalização, Avaliação da Conformidade, Acreditação, Vigilância de Mercado e Regulamentação Técnica.

Leonardo explicou que a Resolução Conmetro nº 1 estabelece um plano de 10 anos, até 2034, para consolidar a ENIQ como referência nacional e internacional, fortalecendo a confiança nas relações de consumo e impulsionando competitividade, inovação e sustentabilidade no país.

“Esse eixo tem o objetivo de consolidar um modelo de governança efetivo que promova a visão sistêmica da Infraestrutura da Qualidade, o fortalecimento institucional, a sinergia e a atuação coordenada dos atores integrada com as pautas prioritárias, a modernização de marcos legais e infralegais, as melhores práticas de integridade e condutas éticas e transparentes”, reforçou o palestrante.

Cerimônia Prêmio IQA da Qualidade Automotiva – 2025

Durante o Fórum, o IQA também promoveu a 5ª edição do Prêmio IQA da Qualidade Automotiva, que reconheceu projetos e profissionais que se destacaram na promoção da qualidade e da inovação no setor.

A premiação contemplou três categorias: Qualidade Automotiva no Jornalismo, Qualidade na Inovação e Novas Tecnologias e Qualidade nos Processos Produtivos.

Na categoria Jornalismo, Vitor Matsubara, da Automotive Business, conquistou o primeiro e o terceiro lugares, com matérias “Como a IA faz montadoras pouparem dinheiro e até ajudarem a natureza” e “Hyundai quer usar etanol e até lixo para fazer hidrogênio no Brasil”. O segundo lugar foi de Cosme Gomes da Silva, do programa Direção Sobre Rodas, que apresentou uma análise detalhada sobre os desafios e avanços da indústria automotiva.

Na categoria Inovação e Novas Tecnologias, Antídio de Oliveira Santos Neto e equipe da empresa Robert Bosch, venceram com o projeto “Circuito Off Road para Sistema de Direção”. Marcio Souza e equipe da empresa ZF Automotive Brasil ficaram em segundo com o “New Smart Glasses”, e a Juliane Maria Vasconcelos Dantas, representada por Wagner Habe, ambos da Stork Logistics, em terceiro com o projeto “STORK II”.

Já na categoria Processos Produtivos, o primeiro lugar foi André Mota e a da Mercedes-Benz do Brasil com o projeto “Qualidade de Caminhões: a busca pela unidade Zero Falha!”. O segundo lugar ficou com Rodrigo Ramiro, da ZF Automotive, pelo projeto “Redução de Refugo por Defeitos de Fundição”, e Iuri Caetano Frederico, da Jaguar Land Rover Brasil completou o pódio com o projeto “EFA – Aplicativo de registro e banco de dados para diagnóstico de falhas elétricas”, que reforçou a importância da tecnologia digital na melhoria contínua da qualidade automotiva.

Para Alexandre Xavier, superintendente do IQA, foi uma satisfação a realização de mais um Fórum IQA e a participação de grandes nomes do setor automotivo na troca de experiencias e visões sobre o futuro automobilístico no Brasil: “Discutimos a Coexistência Tecnológica e o Impacto dos Fatores Globais na Qualidade Automotiva em diversos painéis, em diversas palestras, cumprindo o papel essencial do IQA, que é unir e disseminar conhecimento, sempre em uma construção coletiva. É orgulho e senso de compromisso cumprido”.

Fonte: Assessoria de imprensa do IQA

Imprensa IQA
Escrito por
Imprensa IQA